Paradigmas da Cultura de Paz
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Confer�ncia proferida por Ravindra Varma,
presidente da Gandhi Peace Foundation, em setembro de 2005.


I

O presente s�culo poder� se tornar um dos mais cruciais para a vida de nosso planeta.
Poder� ser crucial para a sobreviv�ncia da nossa esp�cie, de toda forma de vida sobre a
Terra e para a sobreviv�ncia da cultura e civiliza��es que o homem construiu ao longo dos
tempos. Os temores que hoje se imp�em a respeito de nossa sobreviv�ncia n�o surgem de
preocupa��es manifestas a partir de acidentes c�smicos ou cat�strofes naturais, ou
mesmo de profecias de cunho religioso. S�o, antes, fruto daquilo que percebemos como
conseq��ncia de nossas pr�prias a��es. At� mesmo algumas cat�strofes naturais pelas
quais atravessamos parecem ser conseq��ncias de nossas a��es, ou da maneira que
continuamos a agir na busca por bens materiais ou para aumentar e exercer a nossa
capacidade de destruir ou subjugar aqueles que nos s�o percebidos como diferentes ou
como concorrentes potenciais, em nosso af� de desfrutar de um padr�o de vida melhor �
custa da espolia��o dos recursos naturais.

Ningu�m pode sustentar que as atividades que exercemos, produzindo ou destruindo,
sejam regidas pelo acaso ou pela espontaneidade que elas ocorram e continuem a ocorrer
por s�culos a fio, sem motivo aparente de existirem. Tampouco, podemos afirmar que
estes motivos n�o aconte�am em fun��o daquilo que consideramos permissivo ou
desej�vel. A hecatombe que tanto tememos deve, antes, ser vista como conseq��ncia de
nossas a��es e motiva��es, bem como dos valores que as legitimam e justificam, e das
institui��es que criamos calcadas nestes valores. N�o podemos nos salvar da cat�strofe
iminente por meio de uma pol�tica errante. Somente um mergulho profundo em nosso
interior e uma efetiva revers�o de tudo o que � danoso � vida podem nos salvar do que
ora se descortina como uma cat�strofe de propor��es inimagin�veis.


II

Talvez, a amea�a mais poderosa e formid�vel � nossa sobreviv�ncia advenha das guerras
e suas variantes. � fato inconteste que as armas fabricadas e armazenadas pelas grandes
pot�ncias t�m capacidade de destruir o mundo incont�veis vezes. A tecnologia
transformou n�o apenas a natureza da guerra, dos armamentos e dos sistemas de
lan�amento de bombas, como tamb�m transformou o impacto e a intensidade da
destrui��o, que por sua vez afetaram as a��es t�ticas e estrat�gicas e a vulnerabilidade
das partes envolvidas. Armas de destrui��o em massa, sejam nucleares, biol�gicas ou
qu�micas podem exterminar popula��es inteiras, causar danos gen�ticos irrevers�veis,
arrasar h�bitats e a infra-estrutura, al�m de envenenar o meio ambiente e produzir efeitos
que podem levar � morte e aniquilamento das gera��es futuras.

A pessoa que lan�a bombas nem sempre tem o controle sobre sua dire��o ou sobre a �rea
atingida. O impacto que causam ao meio ambiente pode destruir o sistema imunol�gico de
todos os seres. Assim, � f�cil perceber que as armas de destrui��o em massa podem
muito bem se transformar em armas de destrui��o global.

O argumento de que armas de destrui��o em massa devem ser fabricadas e estocadas
n�o para fins b�licos, mas como meio de defesa, parece hoje ser t�o ing�nuo que n�o
merece credibilidade. O argumento � que elas agem como impedimento para que o outro
lado n�o ataque, mas esta teoria n�o exclui a necessidade de se preparar para o ataque
e, portanto, n�o h� garantias de que n�o ser�o utilizadas. Ademais, armas n�o est�o
imunes a acidentes durante o processo de fabrica��o ou estocagem, ou a erros de
avalia��o por parte de quem as utiliza ou de quem est� no comando.

Armas de destrui��o em massa, sistemas sofisticados de distribui��o de armamentos, a
capacidade cada vez maior de conduzir opera��es militares a�reas e mar�timas e de
alimentar guerras em v�rios continentes, sem a necessidade de bases pr�ximas ou
fronteiri�as, entre outros fatores, s�o preponderantes no quantum de desigualdade de
for�as e do poder destrutivo que se instalou entre as na��es. Os estrategistas militares
hoje buscam reduzir suas desvantagens por meio de t�ticas que evitem ou minimizem o
confronto direto no campo de batalha.

Mesmo os Estados com poucos recursos em armamentos e estrat�gias convencionais de
guerra procuram compensar sua desvantagem adquirindo armas nucleares e utilizando-se
de intimida��o ou chantagem. As na��es que n�o se sentem em condi��es de entrar em
confronto direto de guerra procuram compensa��o recorrendo a guerrilhas, frentes de
batalha, terrorismo, ataques terroristas intercontinentais e interfronteiri�os, e todas as
variantes e t�ticas que levam grupos a se defender ou achincalhar o inimigo numa
incessante guerra de atrito e de nervos, onde instala��es militares, delegacias de pol�cia,
institui��es financeiras, centros comerciais, sistemas de transporte p�blico e,
principalmente, mentes de cidad�os comuns e servidores p�blicos s�o presas f�ceis e
alvos potenciais de ataques.

Os terrorismos e todas as variantes da guerra de guerrilha tornaram-se instrumentos de
conflitos internacionais, interestaduais, regionais e inter�tnicos. Os atentados terroristas
recentes contra o World Trade Center, em Nova Iorque, contra o sistema de transporte
de Londres e Madri, contra a escola infantil de Beslan, na R�ssia, Kuta, em Bali, o
terrorismo instalado nas fronteiras da Cashemira, no Oriente M�dio e em muitos outros
lugares do Planeta s�o manifesta��es das novas formas de guerra ideol�gica em n�vel
internacional. Elas demonstram que as guerras podem ser conduzidas � dist�ncia sem a
necessidade de arregimentar tropas para invadir pa�ses ou propiciar o espet�culo dos
batalh�es Parszer cruzando fronteiras sob disfarce ou em grandes massas humanas. Os
�ltimos anos nos mostram que os ataques terroristas podem gerar um intenso clima de
inseguran�a, um estado coletivo de paran�ia e um regime de desconfian�a e confronto.

O terrorismo, de car�ter nacional ou internacional, � uma forma de guerra. Trata-se da
tentativa de usar o "terror" como instrumento para hostilizar ou subjugar o inimigo. O
terrorismo almeja incutir o terror nas mentes dos cidad�os comuns e daqueles que
encabe�am institui��es e �rg�os governamentais percebidos como respons�veis pelas
injusti�as cometidas. Procura-se tamb�m enfraquecer as formas de autoridades
existentes, criar autoridades paralelas por toda a na��o e, conseq�entemente, anular ou
substituir a autoridade do Estado em cheque. Visto que o principal instrumento utilizado �
o terror, devem ser escolhidos alvos com potencial para dissemin�-lo em um grau de
absoluta propaga��o e intensidade. Neste tipo de guerra, ningu�m � intoc�vel e a culpa
ou a inoc�ncia n�o s�o fatores decisivos na escolha do alvo.

A no��o de imunidade deve ser extinta gradativamente, bem como a confian�a na
capacidade do Estado em prover seguran�a. Todos devem se dar conta da pr�pria
vulnerabilidade. Todos nos tornamos vulner�veis quando armas de destrui��o em massa
s�o utilizadas ou cujo uso se faz prov�vel. Como no caso de armas de destrui��o em
massa ou de qualquer forma de guerra moderna, a distin��o entre combatentes e n�o
combatentes torna-se cada vez mais abstrata e, deste modo, ambos acabam igualmente
expostos aos riscos e danos irrepar�veis da guerra. O temor de uma destrui��o
indiscriminada, a compreens�o da vulnerabilidade global e o pavor de incessantes e
diferentes formas de sofrimento decorrentes da guerra est�o levando um n�mero cada vez
maior de pessoas, em quase todo mundo, a se conscientizar das conseq��ncias suicidas
da guerra.

O cidad�o comum tamb�m tem se tornado cada vez mais consciente da deteriora��o da
liberdade e dos direitos fundamentais por meio dos dist�rbios que ocorrem em sociedades
afligidas pela guerra e pelo terrorismo. Por um lado, o Estado reivindica o direito de invadir
resid�ncias a pretexto de procurar e deter cidad�os sob suspeita de conviv�ncia com
terroristas. Por outro, os terroristas conseguem obter aquiesc�ncia, apoio ou
consentimento sob amea�a armada.

O cidad�o comum acaba ficando suscet�vel a extrapola��es, amea�as e terror advindos
de ambos os lados, que justificam o uso da for�a ou viol�ncia alegando que tais
extrapola��es n�o s�o intencionais, mas inevit�veis. Um lado justifica suas a��es em
nome da soberania do Estado e do dever de proteger a vida, o territ�rio e a "aplica��o da
lei"; o outro, o faz em nome da "viol�ncia revolucion�ria" contra a "viol�ncia estrutural" e a
recusa aos direitos fundamentais, situa��o peculiar de regimes fundamentados na
explora��o.

O temor de que grupos terroristas possam adquirir e empregar armas de destrui��o em
massa s� piorou a situa��o.

S�culos de guerra, o constante avan�o da efic�cia dos armamentos e dos sistemas de
lan�amento de bombas, os aprimoramentos nas t�ticas e estrat�gias e o aumento
astron�mico do poder de aniquilamento, que a tecnologia moderna colocou � disposi��o
de combatentes, contribu�ram para que cheg�ssemos � situa��o atual de iminente
autodestrui��o. A distin��o entre combatentes e n�o-combatentes � quase inexistente. O
estado de vulnerabilidade � global.

O n�mero de civis atingidos pela guerra, em especial mulheres e crian�as, � assustador.
(A porcentagem de civis mortos e feridos em decorr�ncia de formas de hostilidade passou
de 5% de baixas, na virada do S�culo XX, para 65% durante a 2� Guerra Mundial, e em
conflitos mais recentes, para 90%. S� na �ltima d�cada, mais de dois milh�es de crian�as
foram mortas em guerras, ao passo que mais de quatro milh�es foram mutiladas e mais de
um milh�o ficaram �rf�s ou foram separadas de suas fam�lias por motivos relacionados �s
guerras.
2 Estes dados referem-se apenas �s baixas civis)

H�, no entanto, milh�es de pessoas afetadas pela morte de pais e irm�os na guerra, ou de
mulheres e crian�as que dependem de outrem para viver, ter acesso � educa��o e �
prote��o segunda sua estrutura familiar. Apesar dos rumores sobre "destrui��o seletiva",
"ataques de decapita��o" [NT: da express�o em ingl�s decapitation of leadership, refere-
se a um ataque cujos alvos s�o chefes de Estado ou instala��es governamentais
utilizadas por eles], bombas de n�utrons (bombas limpas) e a exatid�o cient�fica em
restringir os estragos a alvos militares e estrat�gicos, na��es inteiras v�m sendo
dizimadas juntamente com sua infra-estrutura.

H� milh�es de desabrigados, que s� conseguem sobreviver gra�as a aux�lios financeiros
provenientes de iniciativas internacionais. Estas pessoas, geralmente, tornam-se inv�lidas
e est�o sujeitas a estupros, saques e doen�as causadas por poluentes resultantes da
guerra, contamina��o da �gua, minas terrestres e destrui��o de safras e moradias. As
grandes pot�ncias mundiais come�aram a reivindicar o "direito" de investir contra l�deres
de outros pa�ses por meio da destrui��o seletiva, visando "proteger o mundo do mal", ao
passo que � dif�cil justificar para o mundo como � poss�vel n�o matar inocentes em uma
destrui��o seletiva.

O custo da guerra e de todas as suas variantes tornou-se algo inacredit�vel. J� nos
referimos ao custo em termos de vidas humanas, do sofrimento de suas fam�lias, do �nus
ao sistema social e aos seres humanos individualmente. Acrescente-se a isso o alt�ssimo
custo monet�rio de preparo para a guerra, do financiamento e manuten��o deste preparo,
que v�o desde defesa militar, equipamento, avi�es de ca�a, bombardeiros e sistemas de
m�ssil e anti-m�ssil, a submarinos, for�as navais e terrestres, e assim por diante. Estima-se
que os pa�ses industrializados gastem aproximadamente, US$ 950 bilh�es ao ano com
despesas relacionadas � guerra ou ao preparo da guerra.

E isso n�o � tudo! O efeito devastador que uma guerra, armamentos e armas qu�micas
causam ao meio ambiente deve ser computado, n�o apenas financeiramente e na
deprecia��o dos recursos naturais, mas tamb�m em termos dos efeitos adversos que as
guerras t�m sobre o ambiente do qual depende toda a vida do Planeta. Os meios
modernos de comunica��o, principalmente a televis�o e outras m�dias, tornam o cidad�o
comum cada vez mais ciente dos custos social e econ�mico de uma guerra. J�
mencionamos a percep��o cada vez maior da vulnerabilidade dos seres humanos em n�vel
global e a perspectiva da total devasta��o que armas de destrui��o em massa e
terrorismo trazem em seu bojo.

Esta crescente consci�ncia vem se manifestando em protestos em uma escala jamais
vista por parte de milh�es de pessoas, de cidad�os comuns a cientistas renomados,
celebridades e vencedores do Pr�mio Nobel. Milh�es de seres humanos ao redor do globo
s�o testemunhos n�o apenas do temor da guerra, mas expressam veementemente seu
total rep�dio e desprezo pela guerra. Em quase todos os cantos da Terra, as pessoas
parecem estar saindo do estado de letargia de s�culos de in�rcia, ignor�ncia e lavagem
cerebral, e se conscientizado que t�m responsabilidade e poder para impedir a loucura
suicida da guerra e podem fazer prevalecer o bom senso, se conseguirem se posicionar
claramente e deixar de lado algumas velhas cren�as obsoletas e insustent�veis.

Entramos em uma era em que a paz est� sendo reconhecida como a condi��o sine qua
non
para a sobreviv�ncia. Come�amos a perceber os danos que as guerras trazem. Se
devemos evitar a guerra, tamb�m devemos estar cientes daquilo que leva � guerra.
Somente quando conhecermos as causas da guerra � que poderemos nos empenhar em
elimin�-las. As Na��es Unidas obtiveram um feito hist�rico ao declarar que a guerra
come�a nas mentes dos seres humanos. A guerra poder� ser eliminada somente quando
conseguirmos erradic�-la de nossas mentes, e se n�o nos ocuparmos pensando na guerra,
mesmo quando o pensamento surgir.

Poucas pessoas hoje podem pensar a guerra como um objetivo ou um fim em si. Uma
guerra � sempre vista como um "meio" de se alcan�ar um ou outro objetivo. Temos,
portanto, de examinar a efici�ncia da guerra como um meio de resolver conflitos e tamb�m
examinar os objetivos ou cren�as que levam os homens a fazer a guerra.

Desde os prim�rdios da hist�ria, a humanidade percebe as na��es como um instrumento
de guerra para assegurar a expans�o de seu territ�rio, subjugar o inimigo ou resolver
conflitos. Vimos que muitas na��es fazem guerra para acabar com uma guerra. Mas, n�o
conseguimos acabar com as guerras que, ao longo da hist�ria, n�o serviram para a
resolu��o de conflitos ou para encontrar uma solu��o justa e equ�nime. O saldo que as
guerras deixam � inevitavelmente um rastro de sofrimento e, na maioria das vezes, um
legado de dor e um desejo insano por vingan�a.

Nenhuma ou raras vezes, as guerras levaram � reconcilia��o das diferen�as. Pelo
contr�rio, tornaram-se cada vez mais atrozes, cada vez mais cru�is, cada vez mais
devastadoras, tanto para o vitorioso quanto para o vencido. As guerras dependem do uso
de for�a f�sica superior. Uma vez que esta for�a se torne o �rbitro de uma disputa, ambos
os lados ficam � merc� de sua l�gica, tornam-se v�timas dos seus paradigmas. Nos
conflitos fundamentados em for�a f�sica, � o lado que possui superioridade tecnol�gica
que tem maior probabilidade de vencer. Os inimigos devem, portanto, competir entre si no
sentido de ter o poder de causar maior dano ao outro.

Esta l�gica leva a um c�rculo vicioso de "corrida �s armas" e ao uso indiscriminado da
ci�ncia e tecnologia para aumentar o poder de destruir e aniquilar � o que leva � produ��o
de armas de destrui��o em massa de um lado e a estrat�gias e t�ticas de terrorismo do
outro. E a �nica sa�da para armas de destrui��o em massa ou terrorismo � a viol�ncia. Os
acordos de n�o prolifera��o, ren�ncia �s armas nucleares, redu��o de ex�rcitos etc., s�o
apenas medidas paliativas e de preven��o diante do medo de destrui��o. Enquanto
houver pessoas que acreditam no uso da for�a e da viol�ncia para a resolu��o de
conflitos, n�o haver� sa�da plaus�vel para os corol�rios que alimentam esta viol�ncia.

N�o se pode desejar a paz e acreditar que a viol�ncia seja o caminho ou o atalho para a
paz. N�o podemos fugir ou nos esquivar da lei de causa e efeito. As causas e efeitos n�o
s�o esta inexoravelmente interligados, como tamb�m o universo foi fundamentado de
forma que as causas e efeitos, numa dada esfera, estejam ligados e em sintonia com as
causas e efeitos ocorrendo em outras esferas. N�o h� cientista no mundo que possa
recha�ar ou ignorar a rela��o inexor�vel.

Gandhi enfatizava a rela��o entre os meios e os fins, e nos lembrou que uma Cultura de
Paz n�o poderia ser constru�da atrav�s de meios anti-�ticos � paz, ou seja, por meios
violentos. Tudo interage com todo o resto, e tudo � governado pelas mesmas leis de
causas e efeitos. O Universo � assim constitu�do. Se eu nutrir �dio em meu cora��o, me
torno uma pessoa aquisitiva. Se sou aquisitivo, vou querer possuir mais do que necessito,
e se eu tentar assim fazer, vou roubar algu�m daquilo que preciso. Desta forma, s� irei
conseguir manter a minha posse por meio da for�a ou de a��es fraudulentas. Ningu�m
planta a semente do �dio e da guerra esperando colher os frutos do amor e da paz. A lei
da causa e efeito e a natureza interdependente de toda a origem e exist�ncia s�o
paradigmas para os quais n�o h� escapat�ria no Universo. Nada surge, existe ou persiste
sem se fundamentar ou estar em conformidade com este paradigma.

A viol�ncia pode levar � aniquila��o e n�o � reconcilia��o. A viol�ncia n�o leva a um
mundo sem viol�ncia. O �dio � a ant�tese da reconcilia��o. Somente o amor nos leva �
reconcilia��o, n�o o �dio. Somente o bom senso e o amor podem levar � transforma��o e
reconcilia��o das mentes, n�o o uso indiscriminado da for�a bruta ou do �dio. A paz n�o
se apazigua na viol�ncia, e a viol�ncia n�o � o caminha para a paz. Uma cultura calcada
no caminho da paz deve, portanto, ser uma cultura que repudia a viol�ncia em todos os
n�veis, e depende da n�o-viol�ncia para fundamentar o caminho da reconcilia��o, que � o
�nico pilar sobre o qual a constru��o da paz pode ser erguida.


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