Comitê da Cultura de Paz e Não Violência

Reproduzimos artigo de Adriana Araújo Bini, coordenadora técnica do Projeto Não-violência, do Paraná, sobre a origem do Dia Internacional da Não-violência e dicas preciosas para educadores e todos aqueles que lidam diretamente com crianças e adolescentes para uma ‘gincana da não-violência’ na escola – ou não! Imperdível!

2 de outubro, Dia Internacional da Não-violência

A data foi criada pela Organização das Nações Unidas em homenagem a Mahatma Gandhi, nascido neste dia no ano de 1869, na Índia. Mahatma Gandhi foi um dos maiores líderes pacifistas da história, levando multidões a conhecer e a praticar o significado da não-violência, na sua luta pela independência da Índia.
Certa vez, o líder indiano comentou: “Posso até estar disposto a morrer por uma causa, mas nunca a matar por ela!” Quando, em certos momentos, a violência começou a se manifestar entre os indianos, Gandhi praticou o jejum, por duas vezes, colocando em risco a sua própria vida, com o objetivo de sensibilizar seus seguidores a não fazer uso da violência.
O termo “não-violência” – em sânscrito, ahimsa – tem o significado profundo de não dano, não prejuízo. Daí surge a ideia central deste conceito que nos inspira a ser pacífico, o que é bastante diferente de ser passivo. É agir de forma coerente e firme, norteados pelos nossos ideais, sem aceitar qualquer forma de violência.
Trabalhar pela Cultura da Não-Violência nas escolas é fundamental para que crianças e adolescentes possam aprender a valorizar princípios como o respeito, a tolerância, o diálogo e a solidariedade. A Cultura de Paz se faz nas pequenas ações do cotidiano: no nosso jeito de nos comunicarmos com os outros, na nossa forma de lidar com conflitos e sentimentos como frustração e raiva, na nossa capacidade de reconhecer e valorizar as diferenças e de sermos tolerantes.

 

Afinal, a escola não está isolada da sociedade e todas as questões relacionadas à violência valem para a escola também. A violência na escola não pode ser avaliada por casos isolados de alunos e profissionais com problemas mais sérios de comportamento. Pesquisas sobre violência nas escolas têm mostrado que a grande maioria dos alunos e profissionais não é habitualmente violenta e tampouco convivem em um ambiente desestruturado ou violento. No entanto, muitas vezes acabam manifestando algumas atitudes violentas na escola. Podem-se apontar como possíveis causas alguns aspectos relacionados aos fenômenos mais frequentes, como educadores não capacitados para lidar com o fenômeno, problemas de gestão e de liderança escolar, ação policialesca com os alunos, falta de propostas que estimulem o protagonismo juvenil etc.
É preciso calma para se buscar a paz e a justiça. Há que se cuidar com o pânico gerado em situações extremas para que medidas tomadas não sejam imediatistas e pautadas no medo e insegurança. Quando acuados, movidos pelo medo, podemos não atentar para aspectos cruciais.
A ONG Não-Violência acredita e investe em prevenção e, por isso, escolheu como seu local de atuação as escolas: instituições cujo foco é a educação e que reúnem no mesmo espaço e voltados para os mesmos objetivos, crianças, adolescentes, suas mães/pais e educadores.
A escola é também um ambiente onde inúmeras relações humanas se constituem e, como em qualquer ambiente social, essas relações experienciam os mais diversos sentidos. E é um dos ambientes mais propícios para que se dê o aprendizado de valores que norteiam uma sociedade pacífica como o respeito, a ética, a justiça. Mas como se constrói esta sociedade pacífica? Como se dá o aprendizado destes valores?
Buscando-se referências, exemplos, modelos. Esta é uma das principais formas de aprendermos a conviver em sociedade. As crianças e jovens estão sempre se espelhando nos adultos à sua volta. Responsáveis pela educação por meio de ensinamentos e, principalmente, de atitudes, é para nós – pais, mães, educadores, policiais, políticos, autoridades – que devemos direcionar o nosso olhar. Estamos sendo referência para estes jovens de exemplos éticos, primamos pelo diálogo, buscamos a justiça e trabalhamos em prol do bem comum, ou valorizamos nossos próprios interesses, priorizando o prazer imediato e bem estar individual? Estamos sendo pacíficos em nosso cotidiano, com aqueles com quem nos relacionamos, ou muitas vezes agimos de forma violenta por meio da omissão, humilhação, discriminação, palavras duras, ou até mesmo a rejeição?
A experiência que tenho tido ao longo de 10 anos com as mais diversas escolas de Curitiba e região metropolitana, acompanhando as pesquisas produzidas no Brasil e no mundo na área da violência escolar, aponta para o caminho de que há muito que se pode fazer na construção da paz por intermédio das escolas. Entendendo que a não-violência não exclui o conflito das relações humanas; que o conflito, como divergência, é norteador de uma cultura heterônoma e faz parte de um ambiente pacífico; que a paz não é ausência de atitude, e sim, exige ações efetivas e contundentes; que crianças, adolescentes, jovens e porque não, também nós os adultos, estamos ávidos por referências pacíficas que nos norteiem num processo educativo que nos indique como viver neste mundo tão desafiador. Concluo que é urgente e necessário que cada um de nós se perceba como um agente na construção desta Cultura de Paz.
Façamos desta causa e ideal nossa referência para sermos, em nossas pequenas ações, pessoas mais pacíficas. Lembrando que ser pacífico não é ser passivo – é agir de forma coerente e firme, norteados pelos nossos ideais, sem aceitar qualquer forma de violência.
Adriana Araújo Bini
Coordenadora Técnica
Projeto Não-Violência
Sugestão de atividades para promover o Dia Internacional da Não-violência na Escola
FESTIVAL DE TALENTOS DA NÃO-VIOLÊNCIA
1. Categorias: teatro, dança, música, desenho
2. Inscrições:
a) Individuais ou em grupo (máximo de 4 pessoas por grupo)
b) devem ser feitas 2 semanas antes do festival
3. Divulgação: mural da escola, cartazes, através dos monitores de sala, com envolvimento dos professores representantes de cada turma.
4. O festival acontece no anfiteatro da escola, com 1 hora para cada categoria. Cada inscrito terá 5 minutos para apresentação; e poderão ter até 10 inscrições em cada categoria.
5. Formar banca de jurados com educadores, alunos e pais.
5. Definir premiações como, por exemplo, passeios e/ou brindes aos primeiros colocados.
GINCANA DA NÃO-VIOLÊNCIA
Sugestão de provas no dia da Gincana:
TEMPO
PROVA
7h30
Abertura da gincana
7h45
Expressar artisticamente um símbolo da não-violência (escultura, pintura, modelagem, confecção etc.). A equipe deve apresentar o que foi feito às 9h40 da manhã no ginásio (a equipe é responsável pelo material a ser usado).
7h50
Arrecadar agasalhos para instituições próximas da escola (será contabilizado o número de roupas entregues durante a gincana)
8h
‘Se vira nos 60 segundos’: Cantar uma música que tenha por tema a paz.
8h30
Apresentar uma foto de um líder pacífico
8h40
‘Se vira nos 60 segundos’: escolher 1 dica do livreto Pratique a paz e apresentar teatralmente a dica
9h10
Levar um ex-aluno mais antigo da escola (apresentar documento da secretaria da escola) que tenha feito um trabalho voluntário para a escola
9h30
‘Se vira nos 60 segundos’: alguém deve vir vestido de um grande defensor da Cultura de Paz e responder perguntas sobre a vida dele e por que ele é um exemplo a ser seguido (Gandhi, Martin Luther King, Madre Tereza de Calcutá etc.)
10 h
Apresentar os símbolos da não-violência construídos
10 h
Encerramento