a cargo do Prof. Dr. Edgard De Assis Carvalho
Desde que Charles Darwin (1809-1882) publicou a Origem das espécies, em 1859, o homem viu sua superioridade questionada. Para Darwin, nós, humanos, não viemos do outro, de uma instância transcendente ou, ainda, de um desígnio divino incumbido de dar vida a qualquer tipo de matéria inerte. Viemos, isso sim, de nós mesmos, produto que somos de um processo evolutivo multimilenário que envolveu perdas e ganhos.
Em outras palavras, isso implica admitir que o homem, assim como a totalidade dos seres vivos, descende de algo preexistente menos organizado, mas, sobretudo comum. Essa idéia perturbadora, mesmo que tivesse sido questionada pelo pensamento conservador, religioso ou não, permitiu que a fronteira entre natureza e cultura fosse repensada e questionada.
Evoluímos como homens, inexoravelmente atados a uma origem primeva, e essa condição não nos torna superiores a nenhum outro homem. Os Humanos são nada mais do que animais que aprendem. Diante dessa constatação, é preciso estender o olhar para longe e perceber que, sob a diversidade das culturas, existe um árduo processo de busca de resposta para os enigmas das espécies. Por isso, a biblioteca universal da vida requer uma política da Terra fundada em reivindicações humanistas que articulem indivíduo, sociedade e cosmo, regenerem a sociedade-mundo, lutem pela consolidação de sistemas éticos altruístas, voltados para a consolidação da paz e da democracia.
ENTRADA FRANCA
6 de outubro de 2009 • terça-feira • 19 horas
Auditório do MASP • Museu de Arte de São Paulo
Av. Paulista, 1578 – São Paulo – SP (Estação Trianon-Masp do Metrô)
EDGARD DE ASSIS CARVALHO, professor titular do Departamento de Antropologia e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC de São Paulo. Doutor em Antropologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Rio Claro, Pós-Doutor pela Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales e Livre-Docente pela Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (Unesp). Coordena, na PUC-SP, o Núcleo de Estudos da Complexidade. Integra a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a Association Internationale pour la Pensée Complexe e a The Planetary Society. É coordenador para o Brasil da Cátedra Edgar Morin da Unesco. É autor, tradutor e organizador de inúmeras obras, sobre o tema.