As tendências recentes da alimentação no Brasil, como de resto na maior parte do mundo, não são nada favoráveis: alimentos e preparações culinárias vêm sendo gradativamente substituídos por produtos prontos para consumo, em sua maioria ultraprocessados. O resultado são grandes prejuízos para a saúde e o bem-estar das populações, além de impactos negativos sobre o ambiente, as economias locais, a vida em sociedade e a cultura.
Carlos Monteiro/FSP-USP.
Hoje a construção da saúde é vista como processo através do qual nos capacitamos e buscamos meios para maximizar os fatores que favorecem o bem-estar e minimizar os que oferecem risco à saúde e à qualidade de vida.
A prevalência de obesidade e das doenças crônicas relacionadas a ela tem aumentado em todas as regiões do país, no meio urbano e rural e em todas as classes sociais. Por desinformação diante da indústria alimentícia/publicitária que nos convence e vicia a comer sempre mais do mesmo, estamos nos tornando um país de crianças obesas, principalmente nas classes de menor poder aquisitivo.
Depois de percorrer o país filmando o documentário Muito Além do Peso, Estela Renner, diretora do filme, afirma: “Vimos que a obesidade é uma epidemia sem fronteiras. Além do impacto da publicidade, o problema passa pela família, que não se alimenta bem; a escola, que oferece cantinas recheadas de guloseimas, e a distribuição excessiva desses produtos no país de forma barata em embalagens sedutoras.”
A situação nos desafia e desperta para a necessidade de novas atitudes e maior responsabilidade pessoal e coletiva na mobilização pela adoção de hábitos mais saudáveis. O importante é fortalecer o consumo responsável e o cuidado com o ambiente que nos acolhe, a escolha de alimentos de melhor qualidade, a facilitação de práticas gastronômicas e a valorização de nossa cultura alimentar.
Novos posicionamentos da sociedade civil, assim como políticas públicas de suporte à produção familiar e orgânica de alimentos e a oferta de alimentação escolar saudável poderão gerar cenários positivos a serem disseminados e apoiados, ampliando assim a mobilização para o tema e nossas chances de sucesso no cuidado com nossas crianças e com nosso futuro.
10 de junho de 2014 • terça-feira • 19 horas
Auditório do MASP ▪ Museu de Arte de São Paulo
Av. Paulista, 1578 – São Paulo/SP – Estação Trianon-Masp do metrô
Maluh Barciotte, bióloga, Mestre em Biologia, Doutora em Saúde Pública e Ambiental com pós-doutorado em Escolhas Alimentares pela FSP/USP. Palestrante e consultora nos temas: consumo responsável e sustentabilidade; alimentação, saúde e qualidade de vida; ética e cultura de paz. Diretora de Projetos da AAO/Associação de Agricultura Orgânica. Integrante do NUPENS/USP e do Comitê de Ética do SENAC. Idealizadora do Projeto Universidade Aberta de Estudos Contemporâneos/UAEC.
Marcos Nisti é formado em direito, com MBA em Economia do Setor Público pela FIPE/USP. Foi um dos criadores da marca Projeto Terra, pioneira no conceito de comércio solidário e fair trade no Brasil. Hoje é Vice Presidente do Instituto Alana, membro do Conselho do Greenpeace, do GIFE e sócio da Maria Farinha Filmes.