Comitê da Cultura de Paz e Não Violência

O diálogo é uma modalidade de conversação cujo objetivo é melhorar a comunicação entre as pessoas e instituições e facilitar a produção de ideias novas e significados compartilhados. Vem sendo utilizado de modo crescente em situações em que é necessário complementar os meios tradicionais da discussão, do debate e da negociação. Ou seja: quando é necessário ir além dos limites da diplomacia tradicional.

Um de seus pensadores fundamentais foi Martin Buber, introdutor da dialógica Eu e Tu. O crítico literário russo Mikhail Bakhtin também produziu insights originais para o tema. O físico americano David Bohm foi outra figura destacada: aperfeiçoou e divulgou a técnica do diálogo, em especial nos últimos anos de sua vida. Em termos práticos, o diplomata americano Harold Saunders — que terminou se dedicando exclusivamente ao método —destacou-se por conduzir encontros nos quais se utilizou o diálogo em situações
delicadas, como os conflitos entre árabes e israelense, russos e afegãos.

O diálogo é uma forma de produzir e fazer circular idéias. Busca os seguintes objetivos:

a) melhorar a comunicação entre as pessoas;
b) observar o processo do pensamento;
c) criar redes de conversação;
d) produzir e compartilhar significados. Para praticá-lo é preciso um aprendizado, que
começa com a modificação dos hábitos mentais que dificultam nossa capacidade de
ouvir.

O questionamento básico do método é simples: o que temos como certo e fora de dúvida nem sempre é o único modo de perceber e compreender o mundo. Daí a pergunta-chave: “E se suspendermos ao menos temporariamente os nossos modos habituais de pensar — as nossas “certezas” —, e assim conversarmos, para ver o que acontece?” Trata-se, pois, de mudar de abordagem, trocar de posição, observar a partir de outros ângulos, pensar os mesmos problemas de maneira diferente. O diálogo se aplica a qualquer situação em que seja necessário produzir idéias novas e aprender em grupo.

 


Humberto Mariotti: médico e psicoterapeuta. Co-fundador da Sociedade Brasileira de Psicologia Existencial Humanista (SP). Pesquisador em complexidade, pensamento sistêmico e ciência cognitiva. Conferencista nacional e internacional. Coordenador do Grupo de Estudos de Complexidade e Pensamento Sistêmico da Associação Palas Athena (SP). Co-fundador do Grupo de Diálogo da Associação Palas Athena (SP). Autor de, entre outros livros, As Paixões do Ego: Complexidade, Política e Solidariedade (Editora Palas Athena).

 


– ENTRADA FRANCA –
23 de julho de 2002 – terça-feira – 18h
Local: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
Sala Walter Belda Av. Dr. Arnaldo, 715 – São Paulo – (Estação Clínicas do Metrô)
Realização: Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz – um programa da UNESCO –