Comitê da Cultura de Paz e Não Violência

Com Alcione Araújo

A educação que o Brasil oferece não contempla a formação do profissional, do cidadão e do ser humano. A preparação dos que cumprem o trajeto da escola fundamental à universidade não é adequada às necessidades contemporâneas. O analfabetismo funcional – incapacidade de entender o que se lê – prova o fracasso do modelo. Ao fim do desgastante percurso o que se consolida não é mais do que
mero adestramento para a produção. Entendida como meio de se alcançar um emprego, a educação frustra tanto estudantes quanto professores, além de deixar grave atraso no processo de desenvolvimento social do país.

Incapaz de sistematizar a aproximação dos estudantes com as diversas formas de expressão artística, o sistema de educação acaba por desincumbir-se da tarefa de despertar a dimensão sensível do ser humano. Sem criar o hábito da vivência estética, estudantes não se inserem na vida cultural do país. Instala-se a esquizofrênica separação entre educação e cultura. Há perdas no processo de desenvolvimento humano e cultural do país.

Num processo histórico no qual a arte tradicional não dialoga com a arte popular, cresce um grande afastamento entre as práticas culturais. Nesse vazio implanta-se, em meados do séc. XX, poderosa indústria de entretenimento com insuspeitada capacidade de sedução e raro poder de persuasão. Em meio século de atividades, torna-se a principal referência cultural para grandes parcelas da população sem escolarização, assim como aquelas escolarizadas, mas sem vivência cultural ou visão crítica. Sua linguagem acaba por contaminar as formas de expressão cultural tradicional e popular. Retarda-se o processo de universalização do acesso ao bem cultural e atrasa participação da cidadania.


Alcione Araújo: é romancista, dramaturgo, roteirista de cinema e televisão, cronista, ensaísta, conferencista. Ex-professor universitário com pós-gradução em Filosofia. Escreveu o romance Nem Mesmo Todo o Oceano (Ed. Record), finalista do Prêmio Jabuti. Acaba de lançar o livro de crônicas Urgente é a Vida (Ed. Record). Como ensaísta participou entre outros dos livros Os Sete pecados do Capital (Ed. Record), Para Entender o Brasil (Ed. Allegro), Nossa Paixão era Inventar um Novo Tempo (Ed. Rosa dos Tempos). Escreveu 13 peças teatrais, entre as quais Vagas para Moças de Fino Trato, A Caravana da Ilusão, Doce Deleite e Muitos Anos de Vida – prêmio Moliére de Melhor Autor. Sua obra teatral está publicada em três volumes, Teatro de Alcione Araújo, Ed. Civilização Brasileira. Escreveu 14 roteiros cinematográficos de longa-metragem, entre os quais Nunca Fomos Tão Felizes (Prêmio de Melhor Roteiro festivais de Gramado e Brasília), Policarpo Herói do Brasil.

 


ENTRADA FRANCA
14 de setembro de 2004 – terça-feira – 18h
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – Auditório Paula Souza
Av. Dr. Arnaldo, 715 – São Paulo – (Estação Clínicas do Metrô)

Realização: Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz –
www.comitepaz.org.br