Comitê da Cultura de Paz e Não Violência

Com Denise Gimenez Ramos

É possível vivermos “em paz” quando conflitos internos tiram nosso sono, provocam irritações e desarmonia em nossa realidade? Será possível uma atitude amistosa, de compaixão, quando estamos totalmente invadidos por pensamentos perturbadores e dores d’alma que interferem em nosso bem-estar e na nossa percepção daquilo que nos cerca? Ao analisarmos um evento recente – um jovem que matou 32 pessoas em um campus universitário – fica evidente que a paz externa não garante a paz interna. Sentimentos e emoções reprimidas, como um vulcão, irrompem numa matança indiscriminada, para horror de todos. Mas, o que aconteceu?

Veremos, nesse encontro, como a falta de autoconhecimento leva-nos a projetar memórias inconscientes no outro, que se torna amigo ou inimigo à primeira vista. O mundo passa a ser nada mais do que o espelho de nosso interior. Simpatias e antipatias são imediatamente formadas, mesmo antes que o outro pronuncie seu nome: “tem um olhar calmo, deve ser uma boa pessoa”, “não sei quem é, mas não fui com a cara dele”, ou “pela cara, não presta”. Conflitos internos levam ao estabelecimento de uma cortina de ilusões que distorce minha visão de quem eu sou e de quem é o outro. O outro, que mal conheço, é “um chato”, antipático e prepotente que só quer me lesar, e, portanto, precisa ser destruído antes que me destrua.

Os conflitos também se expressam no corpo, nas tensões musculares que carregamos como uma armadura protetora e ao mesmo tempo enrigecedora de nosso ser. Ficam sedimentados como sintomas doloridos, formando os mais diferentes tipos de doenças. Nesse encontro, iremos também conversar sobre os mecanismos que provocam dor e sofrimento e como esses nos impedem de viver a realidade presente. O simbolismo do corpo e sua expressividade na cultura contemporânea serão analisados, com ênfase na doença que mais mata no mundo moderno: doenças do coração. O coração, como símbolo do amor, tornou-se, em nossa cultura, centro de conflitos e desarmonia. Recuperá-lo é uma tarefa urgente e ao alcance de todos nós.

 


Denise Gimenez Ramos: psicóloga clínica, coordenadora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica e do Núcleo de Estudos Junguianos da PUC-SP. É membro analista da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica e da International Association for Analytical Psychology da qual foi vice-presidente. Membro da Academia Paulista de Psicologia (cadeira no. 27). Editora da revista Junguiana e autora de vários artigos e livros entre eles: A Psique do Coração, A Psique do Corpo, The Psyche of the Body, Corruption: symptom of a cultural complex in Brazil?; co-autora: Um estudo sobre o simbolismo animal – do instinto à consciência e Religião: Ano 2000.Palestrante nacional e internacional, já tendo dado palestras em Londres, Assisi (Itália), Buenos Aires, Santiago del Chile, Los Angeles e Chicago, além de em várias cidades do Brasil.

 


ENTRADA FRANCA
7 de agosto de 2007 – terça-feira – 19 horas
Auditório do MASP – Museu de Arte de São Paulo
Av. Paulista, 1.578 – São Paulo – SP
(Estação Trianon-Masp do Metrô)
Informações: Palas Athena (11) 3266-6188