Comitê da Cultura de Paz e Não Violência

Dr. João Augusto Figueiró

A idéia de que a primeira infância é um período decisivo na formação do adulto encontra sustentação em dados recolhidos nos últimos 100 anos de pesquisas científicas. De fato, os primeiros seis anos são fundamentais para a constituição da pessoa. Achados recentes da Neurociência oferecem evidências de que acontecimentos precoces de natureza física ou emocional permanecem inscritos por toda vida nas conexões sinápticas através de fenômenos biomoleculares. Todos construímos um mapa da realidade a partir das experiências da infância. Assim, é possível, e muito mais eficiente, lançar os fundamentos da cultura de paz na primeira fase de vida.

A Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência na Infância mostra que no Brasil 6,6 milhões de crianças abaixo dos 14 anos são agredidas anualmente, o que corresponde à média de 12 por minuto. É preciso agir preventivamente contra esses abusos físicos, sexuais e psíquicos oferecendo à criança ritmo, atenção, bons modelos de identificação, ambiente familiar saudável e estável e constância de vínculos, dentro de constelações sociais confiáveis que estimulem o desenvolvimento, o aprendizado de valores relacionados à cultura de paz e não exclusivamente direcionados ao consumo, à competição e à rivalidade.

Interferir adequadamente na infância é um desafio, e os achados científicos recentes podem contribuir para a implantação de práticas pedagógicas e políticas relativas à primeira infância voltadas à promoção da cultura de paz através do fomento da saúde mental e social (salutogênese) e de formas de educação e cuidado da criança que contribuam para que ela possa resolver de forma pacífica e não-violenta os seus conflitos, lidando de maneira respeitosa e generosa com o outro e com o ambiente, e confrontando- se com a realidade de forma construtiva e inclusiva das diferenças (resiliência). De fato, os conceitos de salutogênese e resiliência podem ser relevantes para explicar porque alguns indivíduos conseguem triunfar em ambientes eminentemente hostis e adversos.

 


ENTRADA FRANCA
9 de setembro de 2008 – terça-feira – 19 horas
Auditório do MASP – Museu de Arte de São Paulo
Av. Paulista, 1578 – São Paulo – SP (Estação Trianon-Masp do Metrô)

 


JOÃO AUGUSTO FIGUEIRÓ é médico e psicoterapeuta do Hospital das Clinicas da FMUSP. Trabalhou ativamente na implantação de atividades da Universidade da Paz em São Paulo e na construção da Rede Gandhi. É membro fundador e diretor científico do Instituto Zero a Seis – Primeira Infância e Cultura de Paz.

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