Comitê da Cultura de Paz e Não Violência

Profa. Dra. Marilene Grandesso

Desde sua criação há 20 anos junto à Comunidade de Pirambu, em Fortaleza-CE, a Terapia Comunitária tornou-se uma prática presente em quase todos os estados brasileiros e em outros países como França e Suíça. Criada e desenvolvida pelo psiquiatra, antropólogo e teólogo cearense Adalberto Barreto a Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa apresenta-se como uma abordagem complementar às práticas comunitárias já existentes.

O sofrimento, em qualquer das suas dimensões, tende a isolar as pessoas, diminuindo e enfraquecendo os vínculos, minimizando a possibilidade de trocas colaborativas e relaçõesde mútua ajuda. A Terapia Comunitária apresenta-se como uma forma de promover relações de afeto e respeito, iluminando e fortalecendo as redes solidárias a serviço do pertencimento e inclusão social. Os participantes das rodas de Terapia Comunitária podem experimentar um sentido de empoderamento à medida que os saberes individuais e comunitários são legitimados, e as competências reconhecidas e valorizadas.

Trata-se de uma abordagem simples no seu desenvolvimento, construída em linguagem popular, resgatando valores e práticas culturais, de forma intimista e pessoal. Pode ser praticada com grandes grupos e em qualquer lugar onde as pessoas se reunam num contexto de escuta respeitosa e de diálogo. Um de seus principais pressupostos é que toda pessoa tem suas competências e que a comunidade organizada pela escuta aberta e acolhimento caloroso promove mudanças produtivas para a saúde, bem estar e trocas colaborativas. Entre seus diferenciais se destacam:

• Ênfase no comunitário, sem negligenciar a contribuição individual e a autonomia;
• Valorização do sentido de ação conjunta, co-autoria e responsabilidade relacional;
• Foco nas possibilidades de transformação, mais do que em problemas;
• Configuração de relações horizontais de mútua aceitação e respeito;
• Busca do que as pessoas e comunidades têm de melhor, como alavancas para mudanças;
• O espaço público como contexto para realização da prática, de forma séria e eficiente, porém, deselitizada;
• Circulação dos saberes, promovendo o mútuo aprendizado;
• Valorização do conhecimento construído a partir da experiência vivida;
• Promoção da reflexão e da ação comprometida, a partir de uma consciência ampliada;
• Exercício do posicionamento cidadão.

No contato com as comunidades constata-se a efetividade desta abordagem na construção de vínculos entre pessoas, no resgate da cidadania e no reconhecimento de direitos. Nelas surge o contexto ideal para compreender o significado do que chamamos resiliência.

 


ENTRADA FRANCA
10 de março de 2009 · terça-feira · 19 horas
Auditório do MASP · Museu de Arte de São Paulo
Avenida Paulista, 1578 – São Paulo / SP – Estação Trianon-MASP do Metrô

 


Marilene Grandesso – Psicóloga, doutora em Psicologia Clínica, terapeuta comunitária, professora e supervisora do curso de Terapia Familiar e de Casal do NUFAC-PUC-SP. Fundadora e coordenadora do INTERFACI – Pólo Formador em Terapia Comunitária, Terapeuta de Famílias, Casais e Indivíduos, Primeira presidente da ABRATECOM – Associação Brasileira de Terapia Comunitária. Coordenadora do CDC – Conselho Deliberativo e Científico da ABRATEF – Associação Brasileira de Terapia Familiar. Organizadora do livro Terapia e Justiça social: respostas éticas às questões de dor em terapia (2001); co-organizadora do livro Terapia Comunitária: tecendo redes para a transformação social – saúde, educação e políticas públicas (2007).

 

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