Por Sandra Godoy
“Desenvolver Resiliência em Tempos Incertos” foi o tema do 118º Fórum do Comitê da Cultura de Paz e Não Violência, realizado no dia 13 de março no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. A apresentação ficou a cargo da Profa. Dra. Denise Gimenez Ramos, professora titular do Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Clínica e coordenadora do Núcleo de Estudos Junguianos da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). O mediador do encontro foi o professor Fernando Stanziani, da Associação Palas Athena.
A Dra. Denise discorreu sobre o significado da palavra resiliência, que veio da Física – propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica, cujo melhor exemplo é o bambu – mas que hoje é empregado na psicologia, como capacidade de se recobrar facilmente ou de se adaptar à má sorte ou às mudanças que rompem com o bem-estar.
Ela citou o psiquiatra e neurologista Boris Cyrulnik, que foi prisioneiro de um campo de concentração quando criança e, baseado em sua história de superação, desenvolveu o conceito de resiliência na psicologia. “Ele observou principalmente como nossa força interna pode nos liberar do passado”, explicou Denise. “O contato humano com empatia e otimismo pode desenvolver comportamentos resilientes, mesmo frente a profundos sofrimentos”, completou.
O que nos faz resistir? É a pergunta que se faz quando pessoas comuns, submetidas a situações extremas, conseguem sobreviver e seguir em frente. Para Denise, é importante entender nossa origem e o papel dos mitos em nossa formação como seres humanos desde os primórdios da humanidade. “O resgate da nossa alma é a fonte da resiliência”.
Para entender de onde viemos e o que somos é importante resgatar a criança interna. “A criança representa o impulso mais forte e iniludível de todo o ser humano, quer dizer, o impulso de autorrealizar-se”, disse a psicóloga. “Precisamos nos reconectar com nossa origem, que vai além de nossos pais, de nossa educação, da nossa sociedade e dos mitos”, concluiu.
Após sua apresentação, o público enviou perguntas à palestrante. Em uma delas, foi questionado como o resgate da criança interna e da autoestima pode contribuir para a Cultura de Paz e Não Violência. “Se eu não tiver amor por mim, não consigo desenvolver a Cultura de Paz”, respondeu Denise, encerrando a noite.
Desde 1999, o Comitê da Cultura de Paz desenvolve atividades permanentes, inspirando e estimulando iniciativas que contribuem na construção de um mundo justo, compassivo, sustentável e equânime para todos os que nele vivem. O Comitê da Cultura de Paz é coordenado pela Associação Palas Athena em parceria com a UNESCO.